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Mato Grosso

Pantanal mato-grossense tem o pior cenário de queimadas em 22 anos, diz ONG


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O Pantanal mato-grossense teve o pior índice de queimadas no primeiro semestre em 22 anos. Levantamento da ONG Instituto Centro Vida (ICV) mostra o registro de 2.314 focos de calor na região de janeiro ao dia 10 de agosto. 

Quase a metade deles (1.074 focos) ocorreu em 10 dias deste mês. São mais de 100 ocorrências por dia. A quantidade de focos somente em agosto é 62% superior à registrada ao longo do mês passado e 484% na comparação com 31 dias de agosto de 2019. 

Condições semelhantes a essas haviam sido registradas pela última vez em 1998. Os municípios mais atingidos são Poconé e Barão de Melgaço, cidades que são referências do turismo mato-grossense. 

Fenômenos

O coordenador de inteligência territorial do ONG, o engenheiro-florestal Vinícius Silgueiro, explica que o aumento dos focos de queimadas está a associado a três fatores, que se desenvolveram ao longo de anos. 

O volume de chuvas prevista, de janeiro a abril, para a região do Pantanal ficou 50% abaixo da média histórica, em localidades em que a quantidade de chuvas já é menor que o restante de Mato Grosso. 

A escassez atingiu, por exemplo, volume do rio Paraguai, na divisa de Cáceres (214 km de Cuiabá) que marcou o nível mais baixo neste ano desde 1964. 

A região também ficou mais seca pela redução da vegetação causada pelo desmatamento e pelas queimadas na floresta amazônica. Isso gerou o que os ambientalistas chamam de “rios voadores”. 

“A umidade presente na própria vegetação está mais baixa porque temos menos vegetação. Ela é importante porque muitas vezes é o que socorre as regiões centrais do país. A água sobe para as nuvens e chega até o Pantanal, por exemplo”, disse. 

Região de menos chuva

O professor de climatologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o geógrafo Rodrigo Marques, afirma que a região do Pantanal tem índice de chuva ao nível do clima semiárido nordestino. 

Em Cuiabá, o volume de chuvas no período é de 1,3 mililitros e no Pantanal, fica em torno de 1 mil mililitros. 

O engenheiro Vinicius Silgueiro disse que a impunidade para as queimadas ilegais contribui para a manutenção da quantidade alta de focos de calor. 

Segundo ele, 86% dos focos registrados até o momento no Pantanal estão em propriedade privada, e dessas 52% possuem o Cadastro Ambiental Rural (CAR). 

O LIVRE

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